Uma verdade mal contada
Uma Verdade Inconveniente (An Inconvenient Truth), do Al Gore, não é um documentário sobre o aquecimento global e sim uma lição de reinvenção política. Em meio a dados sobre meio ambiente, cenas de degradação da natureza e excelentes efeitos gráficos, ele aproveita para discorrer sobre sua carreira política, seu comprometimento com as causas ambientais (que vem de longa data) e ainda falar do filho que foi atropelado no começo dos anos 80 e de como a família parou de plantar tabaco depois que a única irmã dele morreu de câncer de pulmão.
Ou seja, pega algo em que acredita de verdade, a questão ambiental, para voltar a ser um player de peso no cenário político americano/mundial.
Quem acompanha debates ambientais não vai achar nada de novo, mas é tudo muito bem explicadinho, muito bem feito. Toda a discussão sobre o aquecimento global deveria passar em escolas, embora seja sempre bom lembrar que os fatos são apresentados como verdades incontestáveis no meio científico e não é bem isso.
Gore também pega muitíssimo leve com o governo americano, dá umas espetadas no Bushinho, mas não muitas, até porque sabe que o Clinton também empurrou Kioto com a barriga por quatro anos para não ter que assinar o protocolo. Pega ainda mais leve com as grandes corporações transnacionais, que têm muita, muita culpa no cartório. E discute muito pouco o american-way-of-life, um dos principais causadores do aquecimento global.
Apesar de tudo, o documentário não é ruim. É superficial, sim, mas cumpre suas propostas e é, acima de tudo, uma lição de como se faz política fora das vias tradicionais.
Ou não tão tradicionais assim.
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