Sunday, February 04, 2007

Smells like bad literature



Poucas vezes saí tão irritada do cinema. Talvez quando vi A Vida é Bela, todos chorando emocionados e nós três (a Maharani, o Mr. Engineer e uma amiga) fulos da vida e querendo espancar o Roberto Begnini.

Perfume - História de um Assasino Perfume (Perfume - The History of a Murderer), o livro, não era lá essas maravilhas. Logo o filme não poderia mesmo ser ótimo. Quando a Maharani leu o romance do Patrick Süskind, a grande implicância era com o protagonista, Grenouille, completamente amoral e sem qualquer qualidade que o redimisse. Aliás, era quase impossivel ter alguma empatia com os personagens, extremamente egoístas e apresentando alguns dos piores traços do ser humano.

Graças à reconstituição histórica da Paris do século XVIII, pré Revolução Francesa, apresentada no filme, dá para começar a entender que, pelo menos naquela época, o homem era realmente resultado do meio e a falta de humanidade compatível com uma sociedade ainda fortemente marcada pela servidão. Fora a miséria, muita miséria por todo lado. No livro era mais difícil ter essa noção, ou porque não tinha imaginação suficiente, ou porque era muito criança para entender as implicações históricas.

Então, o grande mérito da versão cinematográfica são os figurinos, os cenários, a imundície presente em cada frame e que torna tudo mais real. Os atores são ótimos, principalmente o Dustin Hoffman e o Alan Rickman. Mas eles são maravilhosos de qualquer jeito, mesmo quando atuam em bombas como essa. E, verdade, seja dita, é sensacional ver como era o processo de criação e fabrícação de perfumes.

Até porque, um dia, eu ainda vou a Grasse.

Aí vocês perguntam, mas Maharani, o que te irritou tanto? A agressão contra a mulher, a mensagem subliminar de que o espectador deve entender e perdoar as ações de Grenouille e, até mesmo, aceitar que ele, no final, passa por uma espécie de revelação que não só traz absolvição, como o faz melhor que os outros.

Ou vai ver fui que não entendi nada. :)

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Eu li "O perfume" no milênio passado (hehe) e gostei exatamente dos aspectos que vc elogiou no filme. Fiquei fascinada com a parte histórica e c/ a história da fabricação do perfume. Detestei, odiei o protagonista, justamente porque ele é um ser hediondo. Em outras palavras, é um livro bem bonzinho porque o escritor não deixa o leitor ter uma leitura 'neutra', digamos assim.
Vale dizer que eu já havia morado na França e estado em Grasse, ajuda muitíssimo!

Respondendo a tua pergunta aqui: a minha tese de doutorado trata da representação feminina na Inglaterra vitoriana (na literatura, teatro e pintura). É multidisciplinar. Aliás, hoje vou encontrar com a minha (des)orientadora!!
bjs e parabéns novamente,
Cris

P.S. O teu comentário me motivou a ver o filme! thanks.

12:26 PM  
Blogger A Dona do Bloguinho said...

Cris,

ele é realmente detestável, mas o Patrick Süskind é um autor tão medíocre que não consegue fazer com que seu protagonista seja memorável.

Ah, você foi a Grasse!!! Que máximo!!!

Interessantíssima sua tese. Mas imagino que sendo multidisciplinar dê um trabalho do cão! Fico lembrando do "Como se faz uma tese", do Umberto Eco, e como ele falava da importância do recorte e como isso me deixava louca na pós, queria abraçar tudo!

A Era Vitoriana tem uma literatura muito legal. Tem o Carroll, o Dickens, o Wilde. E tem o Yeats! E o Bram Stoker, que sentir medo é bom. :)

Bjs bjs bjs e obrigada pela visita!

2:06 AM  

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