Nenhum de nós quer ficar velho
Acharam que a Maharani escrever um título tipo "O Canto do Cisne"ou algo do gênero? Desculpem-me, meus cinco leitores, mas de cliché, basta a vida.
Vênus (trabalhinho fácil para os tradutores!) tem um roteiro meio fraquinho, dois amigos, Peter O'Toole e Leslie Phillips, atores, que têm suas vidas sacudidas quando a sobrinha tranqueira do segundo passa a morar com ele. O resto está na sinopse, Maurice, personagem de O'Toole, se apaixona pela menina (não fica claro a idade dela, algo entre 18 e 20?) e os dois estabelecem uma relação de interesses. Ele quer beijo e cheirar pescoço, quer contato físico e ela quer $ugar o que ele pode dar.
É incômodo. É muito incômodo ver um senhor já passado dos 70 interessado em uma mulher tão jovem, de forma abertamente sexual, sem aquela sensação de que tem algo muito errado ali, o que talvez revele mais sobre os preconceitos que criamos com relação ao comportamento a partir de uma certa idade. Mas a Maharani acredita que, o que incomoda mesmo é ver a velhice tão desnuda.
Porque nenhum de nós quer ficar velho.
Tem sempre aquele papo de que "Ah, com saúde está bom", "Que Deus conserve minha capacidade mental", "Ah, vou ser uma velhinha espevitada", mas a realidade é outra.
E, no filme, a velhice deles é de doença, de grana contada, de não ter como consertar o aquecedor porque não há dinheiro e os filhos não ajudam, mas, acima de tudo, de tempos e glórias (e sonhos não realizados) que já foram e não voltam mais. E a atração de Maurice pela mocinha tranqueira dá muita pena também, porque a velhice é uma barreira intransponível para o que ele quer dela (sexo, interesse de uma mulher por um homem) e é uma metáfora para o fim de vida dele.
Peter O'Toole não levou o Oscar, mas merecia (e todos teríamos visto o sensacional smoking paletó da tia).
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