Um ogro muito feio

Shrek é detestável. Não Shrek Terceiro (Shrek The Third), apesar de ser o mais fraquinho da série, mas Shrek, o personagem. Sim, sim, é bacana mostrar para as crianças (e os adultos, também) que a aparência não é o mais importante, que imagem não é nada, interior é o que conta, mas, na boa, o interior do Shrek é muito mais feio que o exterior.

Teimoso, briguento, covarde, foge de compromissos, mente, engana, não aceita a diversidade de opiniões e, quando finalmente cede, é como se estivesse fazendo um grande favor mudando. Nessa continuação é a mesma coisa. O pai da Fiona está morrendo e, em uma daquelas mensagens subliminares machistas que a maioria não percebe, a coroa passa para o Shrek e não para sua senhora. Ele, obviamente, não quer ser monarca, o que implica em roupas cheias de frufu, perucas e rouge na cara, mesmo isso não tendo sido mostrado com os outros personagens.

Reclama, bufa, dá piti, chilique e tudo o mais, em um verdadeiro festival de grosseria, até que o rei aponta uma saída: há um segundo herdeiro ao trono, Arthur (sim, ele mesmo, e ainda tem Lancelot e Guinevère). Claro, não fica explicado como Arthur tem direito ao trono, se é irmão perdido da Fiona, primo distante, o que for.

Enfim, no final tudo se arruma, mas com Shrek conseguindo o que ele quer. Fiona, que nos dois filmes anteriores é mais decidida e forte, aqui tem um papel coadjuvante e só mostra a que veio em uma mísera ceninha, quando tenta fugir da prisão junto com outras princesas de contos de fada, em uma seqüência muito legal.

Então, é isso. Shrek é muito feio por dentro. O Gato de Botas, o Burro, o Biscoito são muito melhores. A trama é ok e as situações paralelas à trama principal são sempre mais legais e divertidas.

Agora é uma tremanda sacanagem os traillers divulgando os filhinhos do Shrek e da Fiona como uma parte importante da história quando eles só aparecem nos dois minutos finais. As crianças no cinema odiaram.