A
Nervinha tem trauma por causa de
Benji.
Aqui no palácio da
Maharani o que traumatizou foi
Marco.
Como, vocês não conhecem Marco??? Nunca ouviram falar do Marco???
Então, vocês são é felizes. Porque quem assistiu
Marco ficou traumatizado para o resto da vida.
PARA TODO O SEMPRE DE TODOS OS TEMPOS.
Marco, dos Apeninos aos Andes só poderia ser um desenho japonês. Daqueles feitos no meio dos anos 70 e que o SBT fez questão de usar como instrumento de tortura até o meio da década de 80, afetando para sempre toda uma geração de criancinhas indefesas.
Eu tenho a teoria de que desenho japonês dessa época é muito, muito, muito mau mesmo. Sabe filme iraniano dos anos 90, daqueles em que os personagens infantis sofrem mais do que mocinha de novela mexicana? Pois criança em desenho japonês dos anos 70 sofre trezentas vezes mais que pirralho de filme iraniano e coitada de novela mexicana.
E o Marco, pessoas, o Marco correu meio mundo atrás da mãe (dos Apeninos aos Andes, capisci?). E, quando ele chegava a uma cidade, não só era vítima de muita maldade e injustiça em uma situação tristíssima e sofridíssima, como descobria que ela tinha partido para outro lugar dois dias, ou uma hora, ou dez minutos antes!!! Todo episódio era a mesma coisa.
Toda.Santa. Semana.
Esqueçam a
morte da mãe do Bambi e o blá blá blá de como que a cena afetou milhões de pequenos mundo afora. A incerteza sobre o destino da mãe do Marco era mil vezes pior.
Gente, vocês não têm noção de como a saga do Marco era angustiante. ANGUSTIANTE. Basta dizer que
Maharani mãe proibiu a
Maharani e o irmão da
Maharani de verem
Marco, porque estava na cara que não haveria dinheiro suficiente para bancar a terapia.
Mal sabia a
Maharani mãe que o tio Silvio também exibia uma versão japa de Pinóquio chamada
Kashinoki Mokku/As Aventuras de Pinóquio .
Meninos e meninas, eu vi e traumatizei não com o Pinóquio, que era uma mala sem alça e tinha os pés e uma perna queimados pelo fogo em um dos episódios (fichinha perto do que o Marco passou), mas com o sofrimento que os redatores desse anime do mal bolavam para o Vovô Gepeto. Para vocês terem um idéia, o Vovô Gepeto se suicidava!!! Se suicidava!!! Antes disso comia a casca, o miolo e os farelos do pão que o diabo preparou ali, no capricho.
Jamais será esquecida a histórinha na qual o Pinóquio era meio que adotado por uma família rica, que convidava o Vovô Gepeto para jantar. Rico de desenho animado, com mesa compriiiiida, candelabros e mordomo de luvinhas brancas. E o primeio prato é sopa, que o Vovô Gepeto toma a sopa fazendo aquele barulhinho de slurp, slurp, sabem como é? Todos, todos vão olhando horrorizados para o Vovô Gepeto, como se ele fosse a última das criaturas e o coitado vai percebendo o que está acontecendo e ficando envergonhadíssimo, humilhado, arrasado, um nada, uma tristeza sem fim, de partir coração de pedra.
Ó, tem muito cineasta premiado que jamais conseguiu o mesmo resultado.
Agora deixa a
Maharani ligar para a amiga psicóloga e ver o que ela pode fazer quanto a traumas de infância.