Wednesday, February 28, 2007

28 de fevereiro

Hoje seria aniversário do pai da Maharani.

Talvez a melhor definição para o meu pai seja que ele era um estudioso. Um scholar, sempre querendo saber mais, aprender mais, ensinar mais. Leu muito e sempre, ensinou centenas de alunos. Precisava do conhecimento e da compreensão das coisas.

Vocação, nasce-se com ela.

Meu pai achava que eu era especial, todos os filhos o são; meu pai acreditava que eu era extraordinária, poucos são os filhos assim. Não sei onde ele via toda essa excepcionalidade, mas eu acreditava que ela existia porque meu pai tinha essa fé.

Fico pensando se ele continuaria acreditando tanto em mim, se ainda estivesse por aqui. Porque olho para trás e não vejo nada, nenhum feito, nenhuma ação, nenhuma conquista que justifique aquela certeza que meu pai tinha de que eu iria longe, muito longe.

Quanta saudade, quanta falta.

Ah, pai.

Tuesday, February 27, 2007

E agora José?

Mais uma topada.

Opções:

1 - Encarar outra pós, essa nada a ver (em tese) com a área de atuação da Maharani e o atual ganha-pão.

2 - Queimar a mufa e pensar em um projeto para mestrado, em área nada a ver com a de atuação da Maharani e o atual ganha-pão. Claro, isso implica em decidir primeiro mestrado em qual área, porque múltiplos interesses nem sempre são uma boa coisa.

3 - Pegar um avião e ir colher uvas em Portugal, embora a Maharani mãe, que gastou uma fortuna na educação da Maharani filha, fosse ter uma síncope com a idéia.

4 - Comprar um bicicleta.

5 - Tentar de novo e correr o risco de falhar de novo - e essa vez já doeu pacas.

Como diria aquela amiga da adolescência da Maharani, chuta a pedra, José!

Alerta vermelho

Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, via Ministério do Meio Ambiente. O maçarico-esquimó, o mutum-de-Alagoas, a arara-azul-pequena, ararinha-azul, entre outras espécies, já foram.

Monday, February 26, 2007

Volta à infância

A Maharani não tinha brotoejas desde os oito anos.

A culpa é do calor de 37 graus.

Acaba verão, acaba.

Friday, February 23, 2007

Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros



Será que os distribuidores de filme realmente acham que o público é estúpido?

Só pode ser.

Afinal, qual a razão para traduzir Indigènes, que ao pé da letra significa indígenas, mas, nesse caso serve para nativos, como Dias de Glória?

Ai, deixa para lá.

O filme é uma co-produção entre Argélia, Bélgica, França e Marrocos e tem quatro personagens principais: Saïd, Abdelkader, Messaoud e Yassir. Eles fazem parte do contingente de 130 mil nativos das colônias francesas do Magreb e da África negra que se juntaram às tropas da metrópole durante a Segunda Guerra Mundial. Passaram pela Itália, pelo Vale do Reno e pela Alsácia, entre outras batalhas, cada um com um objetivo, do saque à fuga da probreza, passando pela necessidade de reconhecimento como igual.

Só que todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.

É triste, muito triste. É discriminação o tempo todo, não têm as folgas que os os franceses têm, nem recebem as mesmas promoções. São usados como bucha de canhão e humilhados constantemente. Mas acreditam em defender a pátria-mãe (!) e cantam A Marselhesa com orgulho. Ao mesmo tempo, sonham com autonomia e Abdelkader, o único que sabe ler e escrever, é politizado e quer os mesmos direitos que os franceses.

L'égalité et la fraternité ne sont pas pour tous et la liberté vai ser arrancada à força anos mais tarde. E é aí que a coisa fica ainda mais feia, pois os ex-combatentes indigènes perdem o direito às pensões militares (que já eram menores que as dos soldados franceses) quando as colônias se tornaram independentes.

Em 2002 foi aprovada uma lei/sentença/não sei o nome certo pela qual os soldados deveriam receber todas as pensões retroativamente. Lá como cá, o governo recorreu e até 2006, quando o filme foi finalizado, ninguém tinha recebido um centavo.

No site oficial do filme tem mais informações, em inglês e francês.

Curiosidade: tanto nesse filme como em A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima as mulheres, quando estão maquiadas, estão sempre de batom vermelhão. O máximo.

Cena sensacional: um político/militar francês pede ao coronel encarregado da tropa uma punição exemplar para Abdelkader, que se meteu em uma confusão com um legítimo fils de la patrie. O coronel olha para o sujeito e pergunta qual era mesmo o posto que ele ocupava no governo de Vichy antes de debandar na última hora para o lado do de Gaulle.

Indigènes está concorrendo ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Vai perder feio para O Labirinto do Fauno, que é tudo e mais alguma coisa.

Os cinco leitores deste bloguinho devem achar que a Maharani só vê filmes de guerra. Não é assim, foi coincidência.

Esse final de semana tem O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland), mas pô, é o que chamo de quase-história. E o Mr. Engineer quer muito ver, também.

Atrasilda

Oh dear! Oh dear! I shall be late!

Oh my ears and whiskers, how late it's getting!


O Coelho Branco em Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.

We few, we happy few, we band of brothers




Não é que a Maharani não goste do Clint Eastwood. Ao contrário, ele se tornou um excelente ator em determinados papéis, dirige bem, tem faro para reunir bom elenco. Mas é que no fundo, bem lá no fundo, seus filmes não têm nada de polêmicos ou inovadores e são de um conservadorismo atroz.

Então, em pleno reinado de Momo, lá foi a Maharani encarar A Conquista da Honra (Flags of Our Fathers) e Cartas de Iwo Jima (Letters from Iwo Jima). Um atrás do outro, não que o primeiro complemente o segundo ou vice-versa; eles funcionam muito bem sozinhos. Mas para aproveitar que os dois estavam passando no mesmo cinema.

Quem já leu as sinopses e críticas nos jornais sabe que os filmes tratam da batalha de Iwo Jima, durante a Segunda Guerra Mundial. "Versão americana" em A Conquista da Honra (ô tradução péssima!) e "versão japonesa" em Cartas de Iwo Jima. Ambas carecem de contexto. Para os envolvidos é fato histórico de grande magnitude, para boa parte do resto do mundo foi só mais uma batalha durante a Segunda Guerra Mundial. Dois minutos de prólogo e mais dois de epílogo teriam ajudado muito, principalmente se lembrassem aos espectadores que foi em Iwo Jima que os americanos viram como seria duríssimo invadir o Japão, com pesadas perdas materiais e humanas em ambos os lados, e que a luta na ilha é sempre citada como uma das razões para a bomba de Hiroshima.

Mas ninguém quer lembrar da bomba, né? Até porque os historiadores podem achar uma justificativa para Hiroshima, mas Nagasaki não tem desculpa.

Cinema de guerra americano tem uma coisa interessante, a Segunda Guerra Mundial é sempre a guerra. A Guerra da Secessão é muito particular e de impacto relativo no resto do mundo, a participação norte-americana na Primeira Guerra Mundial só começa em 1917 e teve interesses mais econômicos que patrióticos, mas a Segunda Guerra Mundial é a guerra dos Estados Unidos. Afinal, chegaram e viraram o jogo, salvaram a pele dos franceses, bateram Hitler (mas não vamos jamais nos esquecer dos russos na frente oriental) e viraram heróis, consagrando de vez o país como superpotência. A Guerra da Coréia já estava "contaminada" pela paranóia da Guerra Fria, o Vietnã foi o fracasso que se sabe, das invasões do Reagan ninguém fala e vamos deixar as duas guerras do Iraque para outro dia.

E isso acaba se traduzindo no cinema. Os filmes americanos sobre a Segunda Guerra Mundial, em geral, são imbuídos de um grande espírito nacionalista (que eu não critico) e embalados em toda uma retórica de honra e camaradagem que o Stephen Ambrose sacou muito bem quando tirou do Henrique V o título do seu Band of Brothers.

We few, we happy few, we band of brothers;
For he to-day that sheds his blood with me
Shall be my brother; be he ne'er so vile,


Ih, me perdi. Bom, mas esse band of brothers spirit, por assim dizer, está presente nos dois filmes, mais no Conquista da Honra, obviamente. Não tem um sargento mau, cretino e pequeno, ou militares de mente estreita, ou desertores, ou covardes, como em Cartas de Iwo Jima. A trama é muito picada, cheia de flashbacks. Vai e volta entre o que acontece na ilha e o tour promocional de três dos soldados que levantaram a bandeira americana no topo do Monte Suribachi, a culpa deles por não estar no front e, no meio de tudo isso, depoimentos ao narrador, que representa o filho de um dos sobreviventes e escreveu o livro Flags of Our Fathers. São várias tramas interligadas e no final nenhuma delas é bem contada.

O elenco é bom (impressionante como mesmo o ator mais fraquinho dá um bom soldado da Segunda Guerra Mundial) e os coadjuvantes excelentes. O melhor mesmo é o Adam Beach, que faz Ira Hayes, índio Pima que sofre PSTD (nem sabiam o que era na época) e se torna alcóolatra depois do conflito. Diga-se de passagem, tem uma música ótima sobre ele, The Ballad of Ira Hayes que dá para ouvir com o Bobby Dylan ou na voz do Johnny Cash.

Já no Cartas de Iwo Jima tem o Ken Watanabe, que é tudo. Pensava que ele era o ator principal do filme, mas na verdade é Kazunari Ninomyia, que vive Saigo, um soldado que só quer saber de voltar para a família e sofre horrores na ilha vulcânica, com água imprópria para o consumo e praias sulfurosas cheirando permanentemente a enxofre. Ele é aquele personagem meio engraçado, mais normal, que está ali para ganhar a simpatia do público e consegue porque o ator é bom e você deixa de lado o fato que está sendo manipulado. O detalhe é que fica implícito que o general Kuribayashi é um grande estrategista, muito diferente dos outros obtusos oficiais japoneses, devido a uma temporada que passou em Washington.

Mr. Engineer viajou e não viu, mas ia ficar louco com o cavalo do Barão Nishi (Tsuyoshi Ihara). E ia ficar furioso com o Clint por causa do fim do cavalo.

Várias críticas em jornais americanos e brasileiros (sempre imagino se os que escrevem aqui dão uma olhada no que disseram os de lá) eram sobre como o Eastwood desconstrói o mito do herói com os dois filmes. Eu discordo. Toda essa suposta desconstrução nada mais é do que uma maneira de reforçar o mito. Afinal, tem coisa mais nobre e honrada do que não se achar nobre e honrado e deixar os louros para os companheiros? E também não vejo o Clint fazendo um libelo contra a inutilidade da guerra; ao contrário, apesar dele realmente questionar a exploração da imagem do soldado comum pelo governo (e o faz mal), fica claro, claríssimo, que toda aquela carnificina sem sentido é legitimada por um fim maior.

A fotografia é lindíssima, a reconstituição histórica muito boa. Tem muita violência e sangue e pessoas assustadinhas como a Maharani fecham os olhos duas ou três vezes.

Agora, sinceramente, depois do Spielberg e o começo do Soldado Ryan com aqueles 35 minutos de desembarque na Normandia, não dá para o diretor que for filmar outra cena similar de soldados na praia sendo destroçados por quem está entrincheirado em terra. O roteiro pede a imagem, só que a comparação é implacável e todos perdem feio, inclusive Dirty Harry.

Ah, sim. Muitas cenas melodramáticas e clichés, além de um de um péssimo uso de trilha sonora instrumental.

Bonequinho sentado na poltrona olhando e é isso.

Thursday, February 22, 2007

Previsão: mofar em Congonhas

Funciona assim:

Se você está com dinheiro sobrando, compra a passagem entre a sua cidade e aquela onde você tem que ir, para poder enfrentar três horas de estrada e chegar ao seu destino final, sem olhar o preço. Pega o melhor horário, ou seja, o que se encaixa no seu planejamento estratégico e que vai te deixar menos horas plantada em Congonhas.

Se você está com seus preciosos reais contados, compra a passagem de ida na companhia que só marca gol fora, a de volta pela estrela brasileira no céu azul, iluminando o país de norte a sul, e já sabe que estão programadas duas horas *oficiais* para cada conexão em Congonhas.

Agora, independentemente dos caraminguás estarem sobrando ou em falta, você tem certeza que sua sina é esperar, porque quem viaja durante feriadão não escapa de mofar em Congonhas.

Que venha a Páscoa.

Skindô, skindô, bye bye Momo

Nada como uma rápida leitura nos sites para descobrir os grandes momentos do carnaval 2007:

- Mangueira culpa Beth Carvalho pela derrota da escola. É que ela foi negativa. Sei.

- A sandália de Grazi Massafera arrebentou enquanto ela ainda estava na concentração. Drama!

- Luciana Gimenez reclama que tem celulite. Tadinha, né.

Será que Marx ia gostar?

Já deve estar rolando há tempos, mas a Maharani é meio lenta com piadas, ho ho ho.

Sim, sim, a versão italiana é machista e degradante. Tirando isso, vamos lá, é engraçado.

Não é?


*CAPITALISMO IDEAL:*
Você tem duas vacas.
Vende uma e compra um touro.
Eles se multiplicam e a economia cresce.
Você vende o rebanho e aposenta-se, rico!

*CAPITALISMO AMERICANO:*
Você tem duas vacas.
Vende uma e força a outra a produzir leite de quatro vacas.
Fica surpreso quando ela morre.

*CAPITALISMO FRANCÊS:*
Você tem duas vacas.
Entra em greve porque quer três.

*CAPITALISMO CANADENSE:*
Você tem duas vacas.
Usa o modelo do capitalismo americano.
As vacas morrem.
Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês.

*CAPITALISMO JAPONÊS*:
Você tem duas vacas.
Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite.
Em função do sucesso da experiência, cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e vende para o mundo inteiro.

*CAPITALISMO ITALIANO:*
Você tem duas vacas.
Uma delas é sua mãe, a outra é sua sogra, maledetto!!!

*CAPITALISMO BRITÂNICO:*
Você tem duas vacas.
As duas são loucas.

*CAPITALISMO HOLANDÊS:*
Você tem duas vacas.
Elas vivem juntas, não gostam de touros e tudo bem.

*CAPITALISMO ALEMÃO:*
Você tem duas vacas.
Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa.
Mas o que você queria mesmo era criar porcos.

*CAPITALISMO RUSSO:*
Você tem duas vacas.
Conta-as e vê que tem cinco.
Conta de novo e vê que tem 42.
Conta de novo e vê que tem 12 vacas.
Você para de contar e abre outra garrafa de vodca.

*CAPITALISMO SUÍÇO:*
Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua.
Você cobra para guardar a vaca dos outros.

*CAPITALISMO ESPANHOL:*
Você tem muito orgulho de ter duas vacas.

*CAPITALISMO PORTUGUÊS:*
Você tem duas vacas.
E reclama porque seu rebanho não cresce...

*CAPITALISMO CHINÊS*:
Você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas.
Você se gaba de ter pleno emprego e alta produtividade.
E prende o ativista que divulgou os números.

*CAPITALISMO HINDU:*
Você tem duas vacas.
Ai de quem tocar nelas.

*CAPITALISMO ARGENTINO:*
Você tem duas vacas.
Você se esforça para ensinar as vacas a mugirem em inglês.
As vacas morrem de tanto esforço.

*CAPITALISMO BRASILEIRO:*
Você tem duas vacas.
Uma delas é roubada.
O governo cria a CCPV - Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca.
Um fiscal vem e te autua porque, embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais.
A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro e botões, presume que você tem 200 vacas e para se livrar da encrenca, você dá a vaca pra ele.

Para começar o dia...

Ó que beleza, blogueiro egípcio condenado a quatro anos de prisão por insultar o Islã e o presidente Hosni Mubarak.

Espetáculo, não?

Não.

Wednesday, February 21, 2007

Jardim Botânico IV - Miscelânia

CHORONA - Samanea Saman (Jacq) Merr.


ORELHAS-DE-PAU OU COGUMELOS? Nasceram no que sobrou de um tronco de pau-mulato.


URUCURI - Parente do urucum?



SUMAÚMA - Imponente.


SIBIPIRUNA - A sibipiruna não morreu. Encontrou um jeito de brotar de novo. :)


ALGODOEIRO DO PARÁ - É uma flor? É um fruto? É lindo.


ESQUILO - Que nervooooso que esse bicho dá!


FIGOS - De uma figueira de jardim i-m-e-n-s-a.


COPAS DE CEDROS ROSA - A luz ficou péssima, mas eram umas cores tão bonitas, um mix de laranjas e rosas.


AS MUSAS - Primavera, Verão, Outono e Inverno. Mas quem é quem e quem ficou de fora?



AS PALMEIRAS - A cara do Jardim Botânico.


PASSARINHO - Será o sabiá?


CASCATA - E os turistas faziam "óóóóó". :)

Tuesday, February 20, 2007

Jardim Botânico III - Eu sou uma garça, cheia de graça

Tem criatura mais elegante?




Monday, February 19, 2007

Jardim Botânico II - As flores (mais ou menos ) não identificadas

LEVEZA - Fios soltos ao vento.



DAMAS DO LAGO - Bicos que se abrem em flor.




DELICADEZA - Orquídeas, tão lindas, já indo.


COR - Rosa e roxo de uma bromélia.



PLENITUDE - Uma quaresmeira em flor.

Jardim Botânico I - As flores identificadas

ROSA DONZELA - E mais não foi informado. Tadinho do roseiral, sofrendo horrores com esse calor.





BASTÃO-DO-IMPERADOR - Originária da Indonésia, da Malásia e da Tailândia. É uma Zingiberaceae, a etlingera elatior (Jack)R.M.Sm.





MUSSAENDA-VERMELHA - Originária da África tropical, é uma Rubiacea, a mussaenda erytrophylla Schum. & Thonn.


Saturday, February 17, 2007

O pau-mulato e a “meme” das atitudes eco-conscientes









O pau-mulato é uma árvore natural da Região Amazônica e atinge de 20 a 40m de altura, ramificando-se apenas na ponta. Apresenta tronco reto e liso com casca na cor parda quase bronze. Entre os meses de julho e setembro adquire cor de zarcão para, em seguida, tornar-se verde e, aos poucos, readquirir a cor que lhe deu o nome: "mulato".

O conjunto dessas árvores forma uma das mais belas aléias do Jardim Botânico. Fornece madeira branco-amarelada, tornando-se escura quando velha. É utilizada em obras externas e de marcenaria por ser resistente ao apodrecimento. No comércio do estado do Pará, a madeira recebe o nome de pau-marfim.

A Cris me convidou para participar da "meme" das atitudes eco-conscientes. Já li várias, mas a Maharani não tem vergonha em assumir que não sabe o que é "meme". Esse post já estava meio rascunhado de noite e, hoje de manhã, fui no Jardim Botânico, aquele mesmo que D. João VI (então apenas D. João, príncipe regente) mandou construir quando a Família Real chegou ao Brasil.

É um dos lugares mais lindos do Rio, do país, árvores imensas, árvores centenárias, árvores velhas, velhíssimas e quanto mais velhas, mais lindas, mais soberbas.

A aléia do pau-mulato, a espécie descrita aí em cima, não é tão imponente quanto a das palmeiras imperiais, que são mais largas e mais altas e a cara do Jardim Botânico, nem tão majestosa quanto as aléias das mangueiras, frondosas, tão frondosas que dá vontade de ficar ali o resto da vida olhando aquelas árvores maravilhosas.

Mas o pau-mulato é lindo, comprido, elegante. E demora anos, décadas para ele ficar esse magrelo alto de casca firme e sedosa, sem um craquelado, uma ranhura, perfeita.

Aí vem um bando de deseducados, cretinos, vândalos, animais (com perdão dos verdadeiros), um grupo de boçais que usam suas faquinhas e canivetes para deixar mensagens ainda mais idiotas e imbecis nos troncos do pau-mulato. Como essa deste Doba do Ciep 370 e estes bando de casaiszinhos marcando o tronco com corações ridículos. Sinceramente, dá vontade de ir até Duque de Caxias, onde fica o Ciep, descobrir quem é esse Doba e perguntar se ele toparia que escrevessem "pau-mulato" com uma faca em seu braço. E os pseudoapaixonados com suas mensagens? Quem começa mal desse jeito tem mesmo é que ser infeliz. Tomara que tenha dado errado. Porque se você não respeita a árvore que está dentro de um parque que você pagou para entrar, vai respeitar o oiti da sua esquina, se preocupar com o meio ambiente, arrancar os cabelos por causa da Amazônia?

Então me desculpem a irritação, mas vou deixar bem claro que eu acredito que o homem vai destruir a si mesmo.

Lembra do meteoro que ajudou a dar cabo dos dinossauros?

Pois é.

Nós somos o nosso meteoro.

E vamos ao "meme".

Informação - Eu leio tudo que aparece na frente sobre meio ambiente. Livro, blog, revista, jornal, folhinha de bairro. Não adianta querer fazer algo ou tentar mudar as coisas sem saber, sem ter argumentos. Até porque quando o assunto é ecologia, nada é definitivo. Por exemplo, a questão do desenvolvimento x preservação ambiental. O país periférico não pode destruir seus recursos naturais, mas como fica o desenvolvimento dele? O país central, que desmatou o que podia, explora com empresas como essa Rio Tinto do post de ontem o que ainda dá para ser explorado nas nações mais pobres e tem padrão de vida elevado, esse país tem o direito de definir como os outros devem viver? E aí como é que fica? A literatura sobre o assunto é vasta, dá muita discussão. Mas para começar a formular qualquer raciocínio é preciso ler e aprender. Nem que depois vá reaprender de novo.

Água - Paranóia com falta d'água vem desde criança e só piorou com os anos. Teve época que pensei em comprar um terreno com nascente para garantir minha fonte para o resto da vida. Bem egoísta, eu sei. Até que o Mr. Engineer me lembrou que a Constituição deixa bem claro que o que está sob o solo pertence ao Estado. Mas faço minha parte e tento fazer bem. Não escovo dentes com torneira aberta, sobrou um pouco de água no copo jogo em um vaso de planta e tento controlar o chuveiro. Tento, porque morando em uma cidade quente como esta, tem dias que é impossível não tomar três banhos por dia.

Papel - Procuro usar cada pedaço de papel, frente e verso. Não acumulo jornais e revistas velhas, recorto o que me interessa e deixo o resto separado para o catador de papel que passa no prédio recolher. Tento imprimir o mínimo possível e, ainda assim, imprimo muito. Deveria ler mais online, mas confesso que acho um saco ler um livro na tela do computador. Ah, os livros. Compro muitos livros, o que é bom para mim e péssimo para as árvores. Todo papel que vai fora, eu procuro destinar à reciclagem.

Luz - Não deixo computador ligado a noite inteira, não tenho ar-condicionado, procuro economizar luz. Quando está frio, nada de ventilador. Já disse que aqui é quente? No verão não tem como parar com a única coisa que te impede de ficar desidratado dentro de casa. Usamos lâmpadas mais econômicas e nunca deixamos portas de geladeira, freezer, etc, aberto. Depõe fortemente contra mim que uso com alguma frqüência o microondas e que na minha paranóia de não sair com roupa amarrotada tenho um ferro do lado da cama. Para aquela passadinha básica de manhã antes de sair para o trabalho se a blusa não estiver impecável.

Consumo - Vamos cair na real. A escalada mundial do uso de recursos humanos está diretamente atrelada ao aumento do consumo. E aí vem gente falar que a China isso, a Índia aquilo, o Brasil aquilo outro, mas vai dizer para esses países não se desenvolverem. Ou seja, não consumirem. Não tem como. Ninguém quer abrir mão de padrão de vida, de conforto. Porque deveria? Mas alguns de nós temos muito. Muitos sapatos, muitas roupas, muita coisa, pura e simplesmente. Então o que eu faço é passar adiante tudo que não me serve mais ou não quero mais. Não jogo fora, é doação, tem sempre alguém que precisa. Aquele bem tem uma vida mais longa e, em tese, prolonga um pouco do recurso que seria usado para a fabricação de um novo. Em tese. Quando aquelas pessoas que ganham minhas roupas usadas tiverem dinheiro para comprar novas, um novo ciclo de consumo se iniciará.

Indignação - Eu esbravejo, xingo, passo mal, mas se você vê as coisas e não reage é porque já entregou os pontos. Veja bem, eu acho que o homem é o meteoro de si mesmo, mas eu vou estar sentindo e reagindo até o fim. Quem já foi ao Paraná sabe o dó que dá ver cada pinheiro. Porque o pinheiro nativo do Brasil é a Araucaria angustifolia, conhecida como pinheiro, pinheiro-do-paraná, pinheiro-brasileiro. É aquele que tem a copa em forma de cálice, diferentemente do pinus australiano usado para reflorestamento, que é o pinheiro mais similar ao do Papai Noel. Aí você sai de São Paulo, vai descendo em direção a Curitiba e vê cada vez menos aráucárias e mais pinus, milhares deles cobrindo as montanhas. Uma parte do morro é verde, a outra está nua, é onde já derrubaram as árvores. Só que sobram uns troncos caídos e pelados parecendo palito de fósforo, tudo largado. Dá um aperto no coração e dói, dói, dói.

Chegou uma revista aqui em casa, estou tentando achar, não sei se era a Lide, mas tinha uma entrevista com o Pedro Martinelli. Para quem não sabe, o Pedro Martinelli é fotógrafo, já morou na Amazônia, passou anos embrenhado na mata, sabe como o povo de lá vive, conhece os problemas, governo, índio, garimpeiro, plantador de soja, gringo atrás de minério, seringueiro, grileiro, mateiro, todas as zicas, ele entende, já viu. E o Pedro Martinelli diz que cada vez que volta à Amazônia, tem um pouco menos do que tinha antes. No final da entrevista, o repórter perguntou se ele achava que tinha jeito, se dava para reverter a situação ou pelo menos frear o desmatamento e as queimadas.

A resposta dele foi não.

É isso.

Eu choro, mas continuo fazendo e tentando porque quando o meteoro chegar eu vou xingar o meteoro, vou xingar a humanidade, vou xingar a mim mesma pelo pouco que fiz e, juro para vocês, não vou esquecer do infeliz do Doba do Ciep 370 que machucou o pau-mulato do Jardim Botânico, nem dos idiotas dos corações estúpidos.

Poucas pessoas passam por esse bloguinho e as que eu sei que passam já fizeram suas "memes". Não sei a quem convidar. Mas os meus três leitores anônimos sintam-se à vontade. :)

P.S. Vou colocar as fotos do Jardim Botânico em outro post.

P.S1. A revista não era a Lide, mas Brasil Almanaque de Cultura Popular. Nunca tinha visto antes, tem patrocínio da TAM e do MEC. E já está no ano 8, número 93.

P.S2. As informaçõs sobre o pau-mulato nos dois primeiros parágrafos desse post são do Jardim Botânico.

Friday, February 16, 2007

Joga fora no lixo

Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América (Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan) é um lixo. Pior, um lixo pretensioso, que tenta fazer uma sátira social usando muito "humor" escatológico e piadas velhas.

Eu sei que a crítica amou e que o Sacha Baron Cohen ganhou prêmios, mas ô filminho ruim, limitado, preconceituoso e, principalmente, sem nada de inovador. Porque, convenhamos, mostrar a América trash trailler, homofóbica, fanática religiosa e estúpida, gente de calibre muito mais alto já mostrou. E pegar uma cultura/país "exótico" e jogar todos os estereótipos em cima, também.

Dou crédito apenas para as reações dos personagens "reais, se é que não foi tudo armado.

Ainda bem que ganhei o convite para a pré-estréia. Se tivesse pago a entrada estaria ainda mais irritada.

Thursday, February 15, 2007

Pobre Gaia

Ia ser um longo post sobre os problemas ambientais e notícias daqui e de lá sobre a questão ecológica, mas não deu.

Resumindo como tudo está MUITO ERRADO nesse país e no mundo, um link para O Eco e a reportagem sobre 500 mil hectares que uma mineradora anglo-australiana quer tirar dos 4,2 milhões de hectares da Estação Ecológica do Grão Pará.

Assim, 500 mil hectares como quem pede um pedaço do seu sanduíche.

É muita cara de pau - pau das árvores que eles querem derrubar.

Pobre Gaia.

Wednesday, February 14, 2007

The tears shall pass and I shall win

Tomei um tombo da vida.

Ou tropecei nos meus próprios pés.

Não sei.

As lágrimas secaram.

Citando T. S. Eliot, only those who will risk going too far can possibly find out how far one can go.

É isso.

Tuesday, February 13, 2007

Bye, bye férias

Volta ao batente, as costas arrebentadas, trabalho demais e claro que no dia que preciso sair na hora aparece um pepino para resolver - e ninguém mais pode porque todos se mandaram mais cedo.

Cadê o pau da barraca?

Monday, February 12, 2007

Cadê você, gentileza?

A gentileza é uma arte perdida.

Fato confirmado por meio de um fato desagradável.

Como a Maharani acredita em delicadeza, não revelará nomes ou ações.

Solidão de gente grande



Determinadas traduções de títulos de filmes são bizarras, mas algumas são mais bizarras que outros. Por exemplo, Little Children, que em português virou Pecados Íntimos.

Mas deixa para lá.

Resumindo, em um subúrbio daqueles bem bonitinhos americanos, Kate Winslet vive sufocada pela vidinha de soccer mom e começa um caso com o vizinho gostosão, que também se sente preso à rotina de pai que fica em casa cuidando do filho enquanto a mulher é documentarista. Há ainda o amigo que perdeu o emprego de policial e, conseqüentemente, o fator central na definição de sua identidade. No fundo, é uma história contada com alguma freqüência no cinema americano: pessoas com um padrão de vida mais que razóavel, que estão extremamente insatisfeitas e se agarram não à concretização de uma mudança, mas à possibilidade de mudança, à chance de dar uma sacudida na vida, mesmo que no final não tenham coragem e tudo volte ao que era antes.

Nesse caso tem um diferencial, que é a presença de um pedófilo na vizinhança e que serve de catalizador para vários momentos cruciais.

A trama não é ruim, só não é nova, porque essa temática de estagnação/opressão pelo cotidiano é comum a vários filmes, inclusive Beleza Americana e As Horas (tem coisa mais angustiante que a situação da personagem da Julianne Moore?). E embora eu conheça muito pouco do american way of life dos suburbs gringos, ainda acho que Tempestade de Gelo, além de ser disparado o melhor filme do Ang Lee, é o que traduz melhor essa sensação de vazio que perpassa a vida das pessoas - ou como eu chamo, aquela dor que mistura fracasso, tempo passando e vazio no peito com a vontade de chutar o pau da barraca.

O bom é que os atores são maravilhosos. Todos eles estão muito bem (gostei demais da atriz que faz mão do pedófilo, Phyllis Somerville, e do Noah Emmerich, o ex-policial). Mas quem manda mesmo é a Kate Winslet. A mulher é fantástica. Tem que ter muuuuita coragem para aparecer em cenas de sexo sem dublê: as estrias (visíveis) e os seios um pouco caídos(de quem já teve dois filhos) estão lá, sem retoques. Cada cena dela é espetacular, especialmente aquela na qual a personagem participa de um clube do livro e explica para as outras mulheres as razões por trás dos atos de Emma Bovary em Madame Bovary - ela é, naquele momento, a própria.

Aliás, porque não tem clube do livro por essas bandas?

Friday, February 09, 2007

Meu reino por um japa

A Maharani acordou com as costas em frangalhos. Coluna, músculos, tudo doendo, uma dor insuportável que não me deixou estudar - impossível ficar sentada escrevendo.

Dor de chorar e não poder baixar para amarrar tênis.

Liga para médico, vai a outro, sete caixas de remédios, um gel dito milagroso e ainda acho que um bom japa, daqueles que reconfiguram cada ossinho e torcem cada fibra das costas, apertando pontos que a gente nem sabe que existem, é tudo que eu preciso.

Meu reino por um japa.

Tuesday, February 06, 2007

Aquarius

Com mais um upgrade.

Porque hoje é aniversário da Maharani.

Parabéns para mim!

:D

Sunday, February 04, 2007

Smells like bad literature



Poucas vezes saí tão irritada do cinema. Talvez quando vi A Vida é Bela, todos chorando emocionados e nós três (a Maharani, o Mr. Engineer e uma amiga) fulos da vida e querendo espancar o Roberto Begnini.

Perfume - História de um Assasino Perfume (Perfume - The History of a Murderer), o livro, não era lá essas maravilhas. Logo o filme não poderia mesmo ser ótimo. Quando a Maharani leu o romance do Patrick Süskind, a grande implicância era com o protagonista, Grenouille, completamente amoral e sem qualquer qualidade que o redimisse. Aliás, era quase impossivel ter alguma empatia com os personagens, extremamente egoístas e apresentando alguns dos piores traços do ser humano.

Graças à reconstituição histórica da Paris do século XVIII, pré Revolução Francesa, apresentada no filme, dá para começar a entender que, pelo menos naquela época, o homem era realmente resultado do meio e a falta de humanidade compatível com uma sociedade ainda fortemente marcada pela servidão. Fora a miséria, muita miséria por todo lado. No livro era mais difícil ter essa noção, ou porque não tinha imaginação suficiente, ou porque era muito criança para entender as implicações históricas.

Então, o grande mérito da versão cinematográfica são os figurinos, os cenários, a imundície presente em cada frame e que torna tudo mais real. Os atores são ótimos, principalmente o Dustin Hoffman e o Alan Rickman. Mas eles são maravilhosos de qualquer jeito, mesmo quando atuam em bombas como essa. E, verdade, seja dita, é sensacional ver como era o processo de criação e fabrícação de perfumes.

Até porque, um dia, eu ainda vou a Grasse.

Aí vocês perguntam, mas Maharani, o que te irritou tanto? A agressão contra a mulher, a mensagem subliminar de que o espectador deve entender e perdoar as ações de Grenouille e, até mesmo, aceitar que ele, no final, passa por uma espécie de revelação que não só traz absolvição, como o faz melhor que os outros.

Ou vai ver fui que não entendi nada. :)